# O circo de feras da carreira docente
No dia em que cerca de 8000 professores vincularam a um quadro de zona pedagógica, muitos milhares ficaram ainda "em casa" ou "na casa de partida".
A vida de professor é , de facto, um "circo de feras", com muita capacidade para " jogar" mudanças de vida, de região, de escola, de contexto social.
Neste momento, o jogo peca pela falta de jogadores: milhares abandonaram o tabuleiro de xadrez em 2011/2012 quando o então Primeiro-Ministro Passos Coelho apelou à emigração ou mudança de profissão. Foi bem sucedido. Milhares emigraram para outros países, milhares mudaram de vida, literalmente. O afastamento de filhos pequenos e demais família acarretava consequências verdadeiramente insolúveis.
Agora faltam peões no jogo de tabuleiro apesar de terem aumentado alunos de outras nacionalidades, em virtude de uma imigração sem controle ( li há dias que são ainda precisos milhares de imigrantes para colmatar as lacunas na área do turismo, construção civil, etc , mas são essencialmente necessários imigrantes qualificados).
Na "casa de partida" ficaram milhares que não aderiram à vinculação dinâmica, uma nova forma de vinculação que pelo óbvio adjetivo ( dinâmica) implica muita transumância docente por todo o país. com muita instabilidade de local de trabalho, muita instabilidade familiar.
Falava-se há tempos de casas para os professores. Só um município tratou verdadeiramente do assunto.
Como se resolve o jogo? Um problema difícil nesta fase do campeonato, quando se tem mais de 40 anos, filhos, marido, pais . Abandona-se o jogo?
O problema é que o país poucas ou nenhumas alternativas profissionais oferece a um Licenciado com mais de 40 anos ou 50. Se for da área de Economia/ Contabilidade/ Matemática talvez siga para bingo. Se não for é mesmo "resto zero", "nicles" de oportunidades a priori e a posteriori.
A vida de professor é mesmo um "circo de feras".
( aos meus amigos que hoje vincularam ao fim de muitos, muitos anos de trabalho, muitos kms em vários carros, milhares de portagens automóvel depois, casas arrendadas, filhos crescidos)
@mmalheiro