# Da missão ( impossível ) docente
Leio por estes dias notícias e mais notícias sobre a falta de milhares de professores, sobre o facto de na Europa só não haver falta de professores em dois países.
Toda a gente opina sobre as causas desta falta de professores : aposentações, problemas de arrendamento, etc.
Na verdade , quando em 2012, Passos Coelho disse aos portugueses para emigrarem, foi isso que aconteceu. Portanto, milhares emigraram e outros "migraram" para outros trabalhos. Por exemplo, não há professores de Inglês porque foram trabalhar para empresas. O mesmo se aplica aos de Matemática, Economia ou Português.
Ao mesmo tempo, mesmo com percentagens de efetivação em funções públicas por tempo indeterminado ( QZP ou QA), há dois problemas graves, gigantes, que continuam a não ser resolvidos: a profunda desconsideração social em relação à classe docente ( basta ler os comentários online das pessoas em relação aos municipios que anunciaram ter apartamentos para professores ) e a luta "fratricida" inter pares ( a avaliação externa do professor continua a ser muito ambígua/ as direções são variáveis a pais, comunidade escolar, governos e pouco ou nada solidárias com os professores).
Portanto, se um docente não se sente apoiado pelos seus pares, se é submetido ao escrutínio de execráveis pais helicóptero que ,mais tarde ou mais cedo, vão ser os professores dos seus próprios filhos ( este será o futuro) ou então terão uma estupidificante AI a dar-lhes aulas, se não sente empatia por parte dos alunos a quem quer verdadeiramente "ensinar a sair do quadrado", qual é o objetivo da sua missão "impossível"? É manter a sua sanidade mental e mudar de trabalho.
Numa formação em que participei , em que estavam centenas de professores online a nível nacional, a formadora, psicóloga de profissão, terminou, dizendo: "caros professores, cuidem-se, meditem, façam yoga, desliguem o whatsaap, considerem-se".
Ainda esta semana, também a propósito de questões laborais, diziam-me "ah, demitiu-se porque estava subaproveitada". Há muitos professores com Mestrado, Doutoramento, várias Pós-Graduações no sistema educativo, subaproveitados.
De modo que , muito pragmaticamente escrevo- trataram mal os professores, agora já não os têm.
Um bom ano letivo a todos os professores resistentes e que mantêm a sua missão.
@mmalheiro