# Da apologia do otimismo ingénuo
Em dias de contagem numérica de casos, de perdas de vidas humanas, de concelhos com elevado risco de transmissibilidade, penso de que modo é que as crianças e os jovens podem ser simplesmente isso: crianças e jovens.
Esta semana ,na escola onde dou aulas, as crianças sem professores brincavam com guarda-chuvas abertos ao contrário e saltavam alegres , de máscara posta, nas poças de água que a tempestade Bárbara deixara pelo caminho. Os meus alunos adolescentes, ao verem aqueles saltos ingénuos, estavam indignados e preocupados com aquelas crianças, dizendo que não deviam fazer aquilo, que era perigoso, perigoso brincar.
Quando falam nos elevados índices de transmissibilidade após a abertura das escolas e do trabalho das gentes, só posso defender os alunos e os meus colegas professores. Num dia com , por exemplo, seis tempos letivos, as crianças/jovens desinfetam as mãos dezasseis vezes por dia, no mínimo, e andam de máscara e estão de máscara nas aulas.
Num momento tão importante das suas vidas andam "mascarados" por culpa de uma pandemia .
Sir David Attenboroug afirmou no seu magnífico documentário "Uma vida no nosso planeta" ( 2020) - " precisamos de sabedoria".
Talvez precisemos de um otimismo ingénuo, tal como Erling Kagge escreveu no seu Filosofia para Exploradores Polares, Quetzal, Outubro de 2020: " O otimismo ingénuo é algo que, aparentemente, de modo inato, todas as crianças possuem. Na mente de uma criança todo o mundo está por explorar: o mundo está a mudar, nós também mudamos. Acho que elas têm razão. Não há uma linha de meta. " ( Tradutor Miguel de Castro Henriques).
aos meus filhos, Manel e David
aos meus alunos
@mmalheiro